Para entender melhor como a tecnologia na educação pode transformar as práticas de ensino, é interessante olhar para o passado e refletir um pouco sobre como outras tecnologias foram disruptivas.

Mesmo uma mudança no modo como os objetos são fabricados já implica em grandes modificações no seu uso. Por exemplo, antes da invenção da imprensa, a máquina de Gutenberg, os livros no Ocidente eram manuscritos. Ou seja, a principal processo utilizado para reproduzir material escrito era copiar tudinho à mão!

Já com a prensa móvel, a produção ficou mais eficiente e a distribuição e a variedade dos livros aumentou drasticamente. Os leitores passaram a ter acesso a uma quantidade muito maior de informação e por isso foram deixando de fazer leituras e releituras intensivas dos mesmos textos para fazer leituras rápidas que lhes permitissem acabar logo um livro e partir para o próximo.

Retornando à nossa afirmação no começo do post: uma nova tecnologia de fabricação dos livros foi responsável pela mudança no modo como as pessoas os liam. Pois bem, parece que hoje os livros encontraram novas matérias-primas: bytes e luz. Estamos vivendo uma nova transformação na forma de ler e escrever!

No post de hoje, nós vamos explicar como isso afeta a escola e consequentemente o papel do professor e dar 4 dicas para você conseguir acompanhar essas transformações na sala de aula. Confira!

Novas metas para a educação

Uma vez que os textos não precisam mais de um suporte físico, a rapidez da sua distribuição, mais uma vez, cresceu radicalmente. No entanto, parece que a escola resiste em se adaptar a esse mundo no qual a informação está a poucos cliques de qualquer um.

A inteligência deixou de ser sinônimo de retenção de informações e memória para se relacionar à interpretação e ao uso dessas informações.

Nesse cenário, o papel do professor também entra em cheque: afinal, ele não pode competir com a internet em matéria de memória. Por isso, os objetivos de ensino precisam se deslocar para a busca, a interpretação e apropriação das informações disponíveis.

Os alunos, por sua vez, não iriam à escola para reter informações de acordo com um currículo, mas sim aprender a aprender. Ou seja, se tornarem aptos a lidar sozinhos com novos conhecimentos e assimilar novas forma de entender o mundo. É o que se chama de autonomia intelectual!

Uma mudança nos objetivos implica também numa mudança de método. Portanto, esse tipo de transformação nos leva a pensar, num segundo momento, nas práticas tradicionais de sala de aula, como por exemplo as aulas teóricas ou expositivas.

Talvez esse seja o momento de abrir espaço no planejamento para atividades mais interativas na escola que exercitem a agência dos alunos e desenvolvam com eles sua capacidade de compreender sozinhos uma diversidade de fontes de conhecimento com as quais se depararão ao longo da vida.

Nesse cenário, também fica muito mais fácil produzir e distribuir os próprios textos, já que ninguém precisa da autorização de uma editora ou de um jornal para publicar suas ideias na internet. Abre-se a possibilidade de qualquer pessoa, mesmo oriunda de grupos historicamente marginalizados, ter voz e expressar suas angústias.

Os seus alunos também podem se valer disso, eles podem encontrar nessas novas formas de distribuir seus textos — escritos, orais ou até audiovisuais — com um alcance que a escola não era capaz de oferecer. As suas produções podem deixar de ser meras simulações para chegar a leitores fora da comunidade escolar.

É o cenário perfeito para empoderá-los, ajudá-los a descobrir que eles têm muito o que falar, que eles têm opinião própria e são capazes de se posicionar frente aos desafios do mundo. Em seguida, oferecer a eles um espaço no qual eles tenham voz, um espaço autêntico para distribuição dos seus textos.

Quer exercitar a autonomia dos seus alunos e empoderá-los? Então confira as dicas a seguir!

1. Ensine sobre segurança digital

Um dos primeiros passos para os jovens usarem a internet com proficiência é aprenderem a se defender. Afinal, se há perigos no mundo real, o virtual não fica pra trás na diversidade de golpes que são aplicados nos usuários descuidados e nós não queremos que nossos alunos estejam entre eles.

É fundamental que a escola se atualize para ensinar os alunos a se movimentar no mundo virtual com segurança. Nesse sentido é importante que ela apresente ferramentas e ajude esses jovens a entender que nem tudo que está na internet é autêntico.

Além disso, na era da informação, as recomendações que se davam há vinte anos de não falar com estranhos precisam ser atualizadas, já que você não precisa estar cara a cara com o criminoso para que ele se aproveite de você. Basta que ele descubra certos dados seus e consiga acesso às suas senhas.

2. Ajude seus alunos a se conhecerem

Uma vez que essas tecnologias das quais estamos falando têm tudo a ver com comunicação, não é de se espantar que elas tenham um papel importantíssimo no processo de globalização cada vez mais profunda pelo qual o mundo está passando.

As fronteiras entre os povos estão, em alguns aspectos, cada vez mais flexíveis já que hoje é muito mais fácil conhecer a língua e a cultura de outros povos. Por isso quem se conecta se torna uma espécie de cidadão do mundo!

Para além desse tipo intercâmbio, também se fortaleceu a comunicação de pessoas que estão fisicamente distantes entre si, mas que partilham experiências de vida muito similares. Isso permite que se fortaleçam comunidades que extrapolam os limites do espaço para se reconhecerem em identidades fundadas em torno de etnia, sexualidade, classe, alinhamento político ou até mesmo gosto musical.

Em outras palavras, nossos jovens podem buscar fora da comunidade local, fora do seu bairro, cidade ou país, outras pessoas que partilham dos seus interesses ou das suas dores e que vão ajudá-las no seu processo de amadurecimento sem que seja tao necessário reprimir as suas diferenças para se adaptar ao ambiente.

3. Use tecnologia na educação para desenvolver autonomia

A internet se expande como um espaço mais democrático para a circulação de opiniões. Isso porque é muito mais fácil deixar sua marca na rede do que era antes, quando quase todos os meios de comunicação eram mais regulados por instituições como jornais, emissoras de tv, editoras, gravadoras, etc.

Os avanços tecnológicos permitem que hoje os nossos alunos produzam seus textos, músicas ou vídeos e os disponibilizem para quem se interessar em diferentes plataformas.

Essa possibilidade de ter voz e de se perceber ouvido é fundamental para que nossos alunos se empoderem e se percebam protagonistas da sua história. Conhecer a si mesmo e ter espaço para se expressar são as primeiras garantias necessárias para a luta por visibilidade e direitos.

Essas tecnologias, portanto, apontam para um ambiente muito mais democrático e participativo. Porém, os jovens precisam conhecer as ferramentas e os modos de se expressar nesses espaços. A tecnologia na educação abraça também esse papel de instrumentalização.

4. Gamefique sua aula

O videogame é um dos produtos mais populares da era digital! Por outro lado, jogos e brincadeiras existem no mundo desde que o homem é homem — há quem diga que eles fazem parte da nossa própria natureza.

Os nossos alunos, em sua maioria jogam. É bem provável que tenham gostos bastante diferentes e que alguns se interessem mais por determinados tipos de jogos do que outros, mas ainda assim a maioria deles se diverte por horas nesse tipo de atividade.

É inspirado nesse tipo de engajamento que começou a se trazer alguns elementos de game design para atividades educativas. Nessas experiências, o aluno aprende o conteúdo e se diverte ao mesmo tempo, de forma que ele passa a encarar o tempo e o esforço investido na tarefa de uma forma completamente diferente.

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