Um professor não é – e não pode ser! – um mero reprodutor de conceitos. O professor é uma das pessoas mais importantes na formação de qualquer cidadão e, assim sendo, ele deve agir como um mediador de conhecimentos, repassando aos seus alunos aquilo que ele já aprendeu.

Assim como qualquer outra profissão, o professor também precisa se adaptar e ‘evoluir’ de acordo com as demandas da sociedade. Isso não quer dizer que o professor precisa ensinar outras coisas e sim que o professor precisa ensinar de outras maneiras. Essa é uma realidade e, mesmo que torçamos o nariz para isso, é algo que já acontece desde que o homem é homem: mimeógrafo, data-show, powerpoint, quadro negro, quadro verde, quadro branco, quadro de vidro… A sala de aula vai se transformando e o professor também.

Com o advento da crescente tecnologia e do incessante acesso à informação, os professores precisam se reinventar a fim de que acompanhem a velocidade de atividades e de pensamento que os jovens são capazes de fazer. Você pode ser um showman, mas a sua aula, ainda assim, precisa ser dinâmica, porque, com a quantidade de informações que os jovens têm na palma da mão e com as inúmeras ferramentas disponíveis a qualquer momento, você precisa que a sala de aula seja quase imbatível.

Nesse sentido, os professores podem – e devem! – utilizar essa revolução tecnológica a seu favor e hoje vou contar para vocês da percepção de um professor ao usar os jogos empresariais como um aliado em cursos como administração e ciências contábeis.

É bom jogar?

As faculdades de negócios têm, em sua grande maioria, uma grade curricular bastante teórica, o que gera um pouco mais de dificuldade em “inovar”. As disciplinas, por si só, não são pensadas/projetadas para que sejam feitos “laboratórios”, dissociando a possibilidade de estreitar a teoria da prática.

No entanto, os simuladores empresariais têm trazido uma nova percepção para esses cursos. O primeiro passo é entender que os jogos empresariais consistem em um simulador no qual os participantes simulam a gestão de uma empresa em um ambiente competitivo e interativo. A partir disso, os participantes tomam decisões do negócio com base na teoria, no contexto econômico e social apresentado, nos relatórios e notícias e em gráficos gerenciais.

Em Florianópolis, a professora Nathália Laffin, que ministra aulas nos cursos de administração e ciências contábeis, utilizou o Simulare para diversificar a sua forma de atuação em sala de aula e, a partir de agora, ela vai contar para vocês a experiência dela – desde a capacitação até a análise depois de alguns períodos de aplicação.

Sobre a capacitação

O primeiro passo para aprender a utilizar os jogos empresariais é a capacitação oferecida pela empresa. No caso da Simulare, quem fez essa capacitação foi a Marina e o conhecimento dela sobre o sistema e sobre todas as variáveis que ele apresenta nos deixa super à vontade. Além de uma boa didática, os materiais que acompanham a capacitação facilitam muito o aprendizado.

A capacitação nos ajuda a conhecer o sistema, a entender como cada um dos setores é pensado e como as decisões tomadas vão impacta-los. A leitura prévia do material é fundamental para que se possa acompanhar a capacitação e o “teste” também é bastante importante para que possamos entrar no “espírito” do jogo.

Assim como os professores têm uma capacitação, é fundamental que eles façam essa capacitação com seus alunos. O uso de uma “rodada teste” é o fechamento perfeito para a capacitação, pois é a ilustração do que o sistema oferece: aprender na prática.

As rodadas de simulação

A primeira vez é inesquecível. E a gente pode até ficar tão perdido quanto os alunos. Mas essa é uma das grandes virtudes dessa nova experiência: nos desafiarmos e percebermos que nossa capacidade de aprender coisas novas é incrível. Os alunos vão descobrindo o sistema e testando os resultados a partir das diferentes escolhas.

O resultado da rodada é interessante, pois eles percebem que as decisões de cada uma das equipes impacta o cenário geral e, assim, uma decisão de preço de venda, por exemplo, pode se mostrar mais ou menos acertada. Esse resultado é interessante para que os alunos compreendam que o mercado é bastante dinâmico e competitivo. O feedback trazido pelo próprio sistema (e que fica disponível apenas para os professores) é um plus, pois auxilia na visualização de quais estratégias e quais decisões pesaram mais nos resultados da empresa.

Na segunda rodada, já estamos mais adaptados e começamos a visualizar com mais facilidade a composição dos resultados de cada uma das equipes. O professor amadurece a cada uma das rodadas e, ao longo da simulação, ele consegue compreender cada uma das decisões dos alunos e o processo fica mais dinâmico.

Um professor também aprende quando ensina?

Paulo Freire já disse: “quem ensina aprende ao ensinar”. O aprendizado não é um processo único e em linha reta. Ele é construído de diferentes maneiras e a partir de diferentes perspectivas. As percepções de cada pessoa são singulares e, por isso, cada um tem o seu ritmo de aprendizagem. Todo dia, nossas experiências se refletem em nossas vidas e nossos olhares conseguem enxergar algo mais. Assim sendo, o próprio professor, no papel de responsável por transmitir e mediar conhecimentos, aprende com aquilo que ensina.

Nos jogos empresariais, não é diferente. O simulador é projetado para trazer resultados a partir de cada uma das decisões tomadas e as teorias levam apenas até um caminho: aquele de dizer como tal caminho deve ser percorrido. No entanto, as estratégias definidas pelos alunos a partir daquilo que enxergam como mais adequado é que mostram o caminhar. E, em cada uma das etapas do simulador, os professores têm a chance de aprender um pouco com as percepções empresariais de seus alunos: suas estratégias, suas decisões e os impactos disso no jogo.

Como o jogo foi aplicado pela primeira vez durante a pandemia do coronavírus, o desenvolvimento das dinâmicas de aula foram todas online. Dessa forma, criamos “salas online” com cada uma das equipes para auxiliá-las no processo decisório e, depois, para apresentar o feedback com os resultados. Essa interação entre professor e aluno é bastante enriquecedora e permite que ambos vislumbrem novas percepções e formas de enxergar a empresa, o mercado e as decisões.

Benefícios da utilização do jogo

A aplicação de um jogo de empresa nas faculdades de negócios tem inúmeros benefícios e o principal deles é de estreitar as relações entre a teoria e a prática. Com a dinâmica do jogo, os alunos conseguem visualizar o conteúdo advindo dos livros e compreende como as decisões impactam nos resultados.

Além disso, o fator retenção de atenção é um ponto forte da gamificação, pois os alunos gostam da novidade e se mostram mais interessados pela disciplina durante todo o semestre. As interações entre os alunos também aumentaram, o que propicia uma melhora na capacidade de diálogo e de discussões entre eles – e entre os professores envolvidos.

Outro aspecto importante é a interdisciplinaridade trazida pelo jogo, que permite com que os alunos utilizem conteúdos de diferentes disciplinas para a tomada de decisão. Por último – e, talvez, mais importante – é possível enxergar, também, é o rendimento dos acadêmicos após a aplicação das rodadas de simulação: a acepção da teoria como fonte de recurso para a vida prática.

Conclusão

A necessidade de novas estratégias para as salas de aula é indiscutível: tornar o ambiente acadêmico um local convidativo e dinâmico é uma demanda para os professores. O que pudemos visualizar neste artigo é que o uso de um simulador gerencial é extremamente benéfico para o processo de ensino-aprendizagem e que o professor, como mediador dessa simulação, é também beneficiado: ele aprende ao ensinar e cria um ambiente onde os alunos podem vincular a teoria à prática – além, claro, de criar um ambiente de dinamismo e e de inovação para a sua disciplina.

 

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