Quando falamos de análise de investimentos, muitas vezes nos deparamos com termos e siglas que parecem de difícil compreensão. ROI, ROE, ROA, GAF, GAO… 3 letrinhas que gostam de complicar a vida que quem só quer entender de números, não é mesmo? Para piorar, resolveram que as siglas podem ser maiores e “inventaram” o EBIT e EBITDA.

É muita letra para quem quer entender de números, você não acha?

Brincadeiras à parte, o mundo de análise de investimentos é realmente um mix entre letras e números: você precisa considerar rubricas e indicadores econômico-financeiros para apurar cálculos de desempenho das empresas. Esse é um universo que gostamos, pois ele se relaciona às decisões empresariais – que são o cerne da existência dos jogos empresariais da Simulare. Assim, hoje, especificamente, falaremos sobre dois destes termos que são utilizados para análise de informações contábeis e análises de investimentos: EBIT e EBITDA.

DRE – Conceito Básico

Como falamos anteriormente, o EBIT e EBITDA são termos utilizados para análises de informações econômico-financeiras. Para poder entende-los, é necessário conhecer a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício.

A DRE é um dos demonstrativos contábeis exigidos pela legislação brasileira e ela mostra a composição do resultado da empresa em um determinado período. Trata-se de um demonstrativo dinâmico no qual as receitas e despesas são confrontadas a fim de verificar se a empresa teve lucro ou prejuízo em um exercício social. Além disso, ela mostra a composição desse resultado – isto é, quais são as receitas, custos e despesas que compõem o lucro ou o prejuízo da empresa naquele período.

Lembrando que o lucro existe quando, em um período de tempo, as receitas da empresa superam as suas despesas. O prejuízo, no entanto, ocorre quando, nesse período de tempo, as despesas são maiores que as receitas.

EBIT e EBITDA – Significados

Os termos EBIT e EBITDA vêm do inglês e são siglas para: Earnings Before Interests and Taxes (EBIT) e Earnings Before Interests, Depreciation and Amortization (EBITDA) Em português, temos, respectivamente, o LAJIR e o LAJIDA: Lucro Antes dos Juros e Imposto de Renda (LAJIR) e Lucro Antes de Juros, Imposto de Renda, Depreciação e Amortização (LAJIDA).

É a partir da estrutura da DRE que conseguimos compreender estes conceitos. Em linhas gerais, o EBIT é o resultado operacional da empresa e o EBITDA é o resultado operacional acrescido das despesas com depreciação e amortização.

Eles são rubricas econômico-financeiras para apresentar a capacidade operacional da empresa em um determinado exercício social. São cálculos utilizados por analistas para verificar se as empresas listadas nas bolsas de valores são eficientes em suas atividades fim e, desta forma, saber se são empresas que têm perspectiva de agregar/gerar valor à carteira de investimentos.

Em termos práticos, vamos pensar na estrutura de resultado: receitas, custos, despesas… Quando pegamos a receita de vendas da empresa (que é a quantidade de itens que vende multiplicado pelo preço de venda) e deduzimos o que ela teve de custos para produzir esses itens e despesas para manter a empresa funcionando, temos o resultado operacional – que é o EBIT.

No entanto, nesses custos e despesas, temos elementos chamados “depreciação” e “amortização”, que incorporam o cálculo do EBIT, mas que não devem ser levados em consideração para o cálculo do EBITDA. Então, eles são acrescidos ao lucro operacional para que tenhamos a fórmula do EBITDA.

Calculando o EBIT e EBITDA

Já sabemos que o EBIT e EBITDA são siglas calculadas a partir da estrutura da DRE das empresas a partir da dedução dos custos e despesas das receitas. Os quadros a seguir apresentam a estrutura de cálculo do EBIT e EBITDA, mas queremos que você entenda de vez esse assunto, então, logo após o quadro, confira o nosso exemplo também.

RECEITAS
- CUSTOS
- DESPESAS
= RESULTADO OPERACIONAL ou EBIT
EBIT
RECEITAS
- CUSTOS
- DESPESAS
+ DEPRECIAÇÃO
+ AMORTIZAÇÃO
= EBITDA
EBITDA

Vamos imaginar uma empresa que fornece serviços de limpeza:

  • A empresa teve receitas de R$ 100.000,00 em um ano.
  • Nesse período, os custos, que são os gastos necessários para ela prestar o serviço, foram de R$ 50.000,00.
  • As suas despesas administrativas (que são aquelas necessárias para manter o serviço funcionando, como uma secretária para agendar as limpezas, por exemplo) foram de R$ 15.000,00 e as suas despesas com marketing foram de R$ 5.000,00.
  • Nesse período, o resultado operacional da empresa será um lucro de R$ 30.000,00, certo?
Resultado operacional = Receitas – custos – despesas adm – despesas com marketing
Resultado operacional = 100.000 – 50.000,00 – 15.000,00 – 5.000,00
Resultado operacional = 30.000,00

Esse resultado operacional é o que chamamos de EBIT. Ele é um indicador importante pois mostra a capacidade operacional da empresa. Ou seja: ele mostra a capacidade da empresa de gerar resultado (lucro) em sua atividade fim, que é a prestação de serviço de limpeza.

Mas, dentro dos custos de prestação de serviços, temos a depreciação dos equipamentos de limpeza utilizados para prestar os serviços, não é mesmo? A depreciação representa o desgaste – natural ou por uso – ou desvalorização de alguns itens que compõem o ativo das empresas. É um custo calculado para que as empresas consigam visualizar que esse elemento, algum dia, não servirá mais para os seus fins. O mesmo ocorre com a amortização.

A amortização, em simples palavras, consiste na alocação de um valor amortizável de ativo intangível (como marcas e patentes) ao longo do tempo.

Estes custos com depreciação e amortização diminuem o resultado operacional da empresa, mas não têm impacto no caixa e, portanto, não são considerados para o cálculo do EBITDA. Logo, o EBITDA é o lucro operacional ACRESCIDO da depreciação.

! ATENÇÃO ! A depreciação e a amortização constam nos custos, mas não são uma despesa-caixa, isto é, elas não impactam diretamente no caixa da empresa. É importante frisar que elas não saem do caixa agora, mas as empresas devem fazer uma “reserva” para repor esse ativo quando ele tiver sido totalmente depreciado/amortizado.

EBITDA = EBIT + Depreciação + Amortização
EBITDA = 30.000,00 + 6.500,00
EBITDA = 36.500,00

-- ou --

EBITDA = Receitas – custos – despesas adm – despesas com marketing + depreciação
EBITDA = 100.000 – 50.000,00 – 15.000,00 – 5.000,00 + 6.500,00
EBITDA = 36.500,00

E por que eles não são considerados pelo EBITDA? Pois o propósito do EBITDA é mostrar uma proxy da geração de caixa operacional da empresa: isto é, mostrar a eficiência e capacidade produtiva da empresa em gerar caixa. E, como a depreciação e a amortização são custos/despesas que não impactam no caixa, elas são deduzidas do cálculo do EBITDA.

Considerações Finais

Nesse texto, você aprendeu o que é o EBIT e EBTIDA, qual sua importância e qual o cálculo efetuado para chegar ao seu valor. É importante que você entenda que essas duas siglas representam dois indicadores muito populares e que são importantes na área de análise de investimentos.

Tanto o EBIT quanto o EBITDA são elementos-chave na análise da capacidade produtiva da empresa e na análise da eficiência operacional da geração de caixa, o que facilita na análise de investimentos e de comparação entre empresas – e é por isso, eles são tão importantes e conhecidos no meio financeiro.

 

EnglishPortugueseSpanish